sexta-feira, 15 de abril de 2011

A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO

Curso: Licenciatura em Matemática
Disciplina: Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociais da Educação
Professor: Ms. Sidinei Cruz Sobrinho
Grupo 4: Lori Ronaldo F. Machado Filho
Marisa do Carmo P. da Silva
Mauricio da Silva Pinto
Ricardo Perez Ribas
Rodrigo Moisés P. da Silva
Vanessa Priscila Gomes
.
A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO PEDAGÓGICO

REALISMO: Movimento artístico e cultural que se desenvolveu na segunda metade do século XIX. A característica principal deste movimento foi a abordagem de temas sociais e um tratamento objetivo da realidade do ser humano.
Possuía um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de denúncia dos problemas sociais como, por exemplo, miséria, pobreza, exploração, corrupção entre outros. Com uma linguagem clara os artistas e escritores realistas iam diretamente ao foco das questões, reagindo, desta forma, ao subjetivismo do romantismo.

MATERIALISMO: É a concepção filosófica que trata o ser, a realidade material, como o elemento que determina o nosso pensamento, as nossas ideias e a nossa vida. Para o materialista, as respostas para os fenômenos físicos e sociais estão contidas nesses mesmos fenômenos. As ideias e concepções que a nossa mente projeta sobre o mundo estão determinadas pela existência não do pensamento, mas pela existência material dos objetos a nossa volta, e estes incidem sobre nós quando nos relacionamos com eles.

DIALÉTICA: Remete-nos a ideia de contradição, mediação, transformação, movimento constante.
Segundo Hegel a dialética opera da seguinte forma: quando nossa consciência se refere a um determinado objeto, ela parte de uma ideia pré-estabelecida. A partir desta idéia, a razão opera mudanças através da ação, transformando a natureza do objeto. O objeto modificado assume um novo patamar, mais elevado que o anterior, por sua vez incide sobre nossa consciência, elevando nosso entendimento ou consciência sobre o objeto. Este será o ponto de partida de uma nova interpretação do mesmo, o que, através da ação, entendida por Hegel como história, irá modificar novamente a forma do objeto e assim por diante.


MATERIALISMO DIALÉTICO: É uma reformulação do conceito de dialética de Hegel realizada por Karl Marx, voltando-o para a sociedade, as lutas de classes vinculadas a uma determinada organização social.
Marx fala da dialética sempre em um contexto de luta de classes, diferentes interesses, que geram a contradição.

MATERIALISMO HISTÓRICO: Marx e Engels, buscando compreender melhor a sociedade do seu tempo, aplicaram os princípios do materialismo dialético ao estudo da vida social, criando uma nova forma de análise da sociedade: o materialismo histórico.
Marx e Engels reelaboraram de maneira crítica a herança ideológica do passado e criaram, num processo de superação dialética, uma nova teoria, expressão dos interesses fundamentais do proletariado. Transformaram a teoria social em ideologia do movimento proletário de massa, instigando as batalhas de classe pelos interesses dos trabalhadores.

MARXISMO: É o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde por outros seguidores. O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho. O Marxismo se resume a liberação da classe operária, e no rompimento da propriedade privada burguesa, transformando a base produtiva socializada, produzindo de acordo com os interesses comuns.
Fruto de décadas de colaboração entre Karl Marx e Friedrich Engels, o marxismo influenciou os mais diversos sectores da atividade humana ao longo do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos. O marxismo foi utilizado desvirtuadamente como base para as doutrinas oficiais utilizadas nos países socialistas, nas sociedades pós-revolucionárias.
No entanto, o marxismo ultrapassou as ideias dos seus precursores, tornando-se uma corrente político-teórica que abrange uma ampla gama de pensadores e militantes, nem sempre coincidentes e assumindo posições teóricas e políticas às vezes antagônicas, tornando-se necessário observar as diversas definições de marxismo e suas diversas tendências, especialmente a social-democracia, o bolchevismo, o esquerdismo e o comunismo de conselhos.
PÓS-MARXISMO: O marxismo entrou em uma espetacular crise nos idos das décadas de 60 e 70 do séc. XX, e ruiu enquanto ideologia política, enquanto visão de mundo e enquanto paradigma teórico, deixando um vazio imprevisível na vida cultural da Espanha, Itália e França. Talvez a vitrine francesa seja a melhor a exibir resumidamente o desastre.
KARL MARX
Karl Marx (1818-1883), um dos mais influentes de todos os tempos, previu que o sistema seria superado pela emancipação dos trabalhadores, alienados do processo industrial. Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. "Cabe agora transformá-lo", concluía. Coerentemente com essa idéia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de idéias mais influentes da história.
Sua obra originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança do sistema e, no século XX, seu pensamento foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de "marxismo". Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949).
Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para ele, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.
O marxismo prevê que o proletariado se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes (feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. "O moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor, uma sociedade com o capitalista industrial", escreveu Marx.
A obra de Marx reúne uma grande variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas imediatas, estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista, parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado antes de sua morte. A complexidade da obra de Marx, com suas constantes autocríticas e correções de rota, é responsável, em parte, pela variedade de interpretações feitas por seus seguidores.
Em O Capital, Marx realiza uma investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalismo. Por isso, para o pensador, a idéia de revolução deve implicar mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de dominação da burguesia.

ANTON MAKARENKO
Anton Makarenko (1888 – 1939) nasceu na Ucrânia, viveu as grandes transformações históricas do fim do século XIX e do começo do séc. XX, tendo influência direta das idéias de Lênin em sua visão de mundo e de educação.
Makarenko queria formar pessoas capazes de dirigir a própria vida, no presente, e a vida do país, no futuro.
Concebeu um modelo de escola baseado na vida em grupo, na autogestão, no trabalho e na disciplina. Para sua organização, como coletividade, levava em consideração o sentimento de cada aluno e do grupo. Permitia que as crianças opinassem e discutissem as necessidades da escola. Makarenko chegou a dirigir um colégio interno, com crianças e jovens infratores, muitos órfãos. Mas sua pedagogia tornou-se conhecida por transformar em cidadãos, essas crianças e adolescentes marginalizadas.
Foi o educador que levou às conseqüências mais radicais as questões do espírito de grupo e do trabalho coletivo. Educava com rigidez e disciplina, procurando educar pessoas conscientes de seu papel político, cultas, sadias e que se tornassem trabalhadores preocupados com o bem-estar do grupo, solidários. Também buscou envolver a família no ambiente escolar, mostrando a importância da participação dela na escola e auxiliando os pais na educação de seus filhos.

ANTONIO GRAMSCI
Gramsci (1891 – 1937) nasceu na ilha da Sardenha, na Itália, e, durante sua vida, testemunhou de perto os dois extremos totalitários do séc. XX: a degeneração política soviética pela tirania de Josef Stalin e a ditadura fascista em seu país que o perseguira e o aprisionara.
À área pedagógica, Gramsci trouxe a discussão sobre a conquista da cidadania como objetivo da escola. Orientando a elevação cultural das massas, a intenção era livrá-las da visão de mundo que predispõe a aceitação da ideologia das classes dominantes.
O pensador descreve a hegemonia como relação de domínio de uma classe sobre a sociedade, sendo que ela é obtida por meio de luta no campo da ética e, posteriormente, no campo da política. Ou seja, precisa-se primeiro dominar mentes, depois o poder. Sendo que a função intelectual (e da escola) é mediar uma tomada de consciência. Com isto, acreditava que a mudança de mentalidade da população poderia causar uma tomada de poder.
Gramsci via nas instituições a possibilidade do início de transformações, por intermédio do surgimento de uma nova mentalidade às classes dominadas. Na escola, por exemplo, as classes desfavorecidas poderiam se inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização. Gramsci defendeu a manutenção de uma escola única, de cultura geral, humanista, formativa. A escola unitária é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante, com a qual se deve operar, mas a educação para a cidadania.
“Educação é uma luta contra os instintos ligados a funções biológicas elementares, uma luta contra a natureza, para dominá-la e criar o homem ‘atual’ a sua época.” Gramsci

FLORESTAN FERNANDES
O sociólogo, que nasceu na cidade de São Paulo (1920-1995), militava em favor do socialismo e não separava o trabalho teórico das suas convicções ideológicas. Buscava a democratização da sociedade por meio da ampliação do acesso da população à cultura e à pesquisa.
Florestan Fernandes refletiu sobre a escola brasileira e atuou pessoalmente em defesa da educação para todos. Acreditava que a educação e a ciência têm potencialmente, uma grande capacidade transformadora e deveriam ser instrumentos de elevação cultural e desenvolvimento social das camadas mais pobres da população. Para ele, a escola de qualidade seria um instrumento fundamental para a emancipação dos trabalhadores.
Analisando a prática em sala de aula, criticou três pontos: a concepção do professor como mero transmissor do saber, fragilizando o profissional da educação; a ideia de que o aluno é apenas receptor do conhecimento, quando o aprendizado deveria ser construído conjuntamente na escola; o ensino discriminatório, que trata o aluno pobre como cidadão de segunda classe.
Para Florestan, a educação transformadora se faz com uma escola capaz de se desfazer, por si mesma, do autoritarismo, da hierarquização e das práticas de servidão. A educação deveria ser para os alunos uma experiência transformadora que desenvolvesse a criatividade, dando condições de se libertar da opressão social. Mas, para isso, a escola deveria deixar de reproduzir os mecanismos de dominação de classe da sociedade.
Segundo sua análise, as elites brasileiras no século 20 ainda queriam controlar a educação para manter a maioria da população culturalmente alienada e afastada das decisões políticas, por isso uma de suas principais lutas foi pela manutenção e ampliação da escola pública. Lutou pela democratização do ensino, entendendo a democracia, como a liberdade de educar e direito irrestrito de estudar.
Em seus dois mandatos de deputado federal (1980 e 1990), participou ativamente da discussão, elaboração e tramitação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que só seria aprovada em 1996, um ano depois de sua morte; sendo de início, o tema principal do debate a centralização ou descentralização do ensino.

PAULO FREIRE
Paulo Reglus Neves Freire (1921 – 1997) nasceu em Recife, formou-se em direito, mas encaminhou a vida profissional para o magistério. Assim como Darcy Ribeiro, despertou intelectualmente no período iniciado pela revolução de 30 e terminado com o golpe militar de 1964.
A ideologia de Paulo Freire é baseada na realidade, na vivência concreta do educando. São a partir das experiências no mundo, que Freire teve subsídios para adotar a melhor estratégia para efetivar o processo de ensino-aprendizagem.
Cada pessoa em si tem uma história construída, traços, costumes e conhecimentos que marcam sua personalidade. Essas características fazem do indivíduo um ser com um saber único que foi criado e está continuamente sendo transformado ao longo de sua vida.
No ensino de história, Freire tem um método muito peculiar e interessante que consiste em fazer duas ou três perguntas para os alunos sobre o assunto que será abordado durante a aula, nisso surgirá muita informação na classe. Ao invés de o educando expor exaustivamente o tema em questão, os próprios alunos irão mostrar suas experiências de vida, seu saber único, que juntas montam um grande tabuleiro da história.
Esse sistema demonstra que o aluno é capaz e possui conhecimento, só deve-se saber o modo de como aplicá-lo. Toda pessoa tem posse de algum tipo de saber, não existe aquele que nada sabe. O conhecimento é o resultado da interação entre as pessoas. Para aprender algo deve-se fazer esforço, pois seu caminho é árduo. Ainda neste mesmo contexto, Freire afirma que qualquer aluno que transforma a natureza em algo útil para o homem é um exemplo que o mesmo possui conhecimento, pois o aluno sabe as formas de fazer tal feito, sabendo fazer, ele sabe para que serve, fazendo, aprendem.
A educação para Paulo Freire é vista como uma prática de liberdade, o homem precisa se libertar da opressão. Em seu livro "pedagogia do oprimido" ele refere-se muito ao sistema oprimido-opressor, onde a população é forçada pelo opressor em muitos aspectos, nos livros didáticos, por exemplo, que apresenta ao estudante muitas práticas completamente diferentes de sua realidade. O indivíduo, no caso o estudante, tem sua liberdade de educação oprimida, com foco apenas para o que o opressor (livro didático) demonstra-lhe.
Freire diz que o ser humano é um ser incompleto, e que procura na aprendizagem uma forma de preencher o vazio interno. O educar, então, torna o homem mais completo em si.
Neste contexto vemos que Freire defendia a interação da educação e não o simples "depósito" de informações nas mentes dos alunos, como dizia ser o chamado sistema bancário burguês, sendo o estudando apenas receptivo, e não ativo na educação.

MICHEL FOUCAULT
Michel Foucault (1926 – 1984) é francês, formou-se em psicopatologia e lecionou em universidades francesas. Publicou Doença Mental e Personalidade, A História da Loucura, História da Sexualidade, Vigiar e Punir, Microfísica do Poder.
Foucault inspirou o espírito contestador dos jovens intelectuais que estavam em crise com marxismo e existencialismo nos anos 60, estando suas ideias ligadas à revolta estudantil de maio de 68.
Propôs abordagens inovadoras para entender as instituições e os sistemas de pensamento, concentrando seus estudos não sobre os governos e as nações, mas sobre os sistemas prisionais, a sexualidade, a loucura, a medicina.
Para ele, categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, mas vinculadas a sistemas circunscritos historicamente. Não há universalidade nem unidade nessas categorias e também não existe uma evolução histórica linear.
Três fases em sua obra: a Arqueologia do Conhecimento, marcada pela análise dos discursos ao longo do tempo, de acordo com as circunstâncias históricas, com a preocupação em isolar o nível das práticas discursivas e formular regras de produção e de mudanças dessas práticas; a Genealógica, que corresponde a um conjunto de investigações das correlações de forças que permitem a emergência de um discurso, com ênfase na passagem do que é interditado para o que se torna legítimo ou tolerado (neste domínio, o poder é o elemento capaz de explicar como os saberes são produzidos e como o homem se constitui na articulação entre saber e poder); e a fase Ética, que trata da relação de cada um consigo próprio, centrando o foco nas práticas por meio das quais o ser humano exerce a dominação e a subjetivação, e consequentemente assume um papel histórico.
Para Foucault, não cabe o papel de objeto para o homem, submetido à ação da natureza, há apenas sujeitos, capazes de apreender e modificar o mundo, que variam de uma época para outra ou de um lugar para outro, dependendo de suas interações.
Para o pensador, dominação e poder não são originários de uma única fonte – como o Estado ou as classes dominantes –, mas são exercidos em várias direções, cotidianamente, em escala múltipla. E não necessariamente opressora, podendo estar a serviço da criação: não há relação de poder que não seja acompanhada da criação de saber e vice-versa. Assim, os saberes se engendram e se organizam no que se denomina “vontade de poder”, poder este como propriedade de produzir alguma coisa.
Define a sociedade disciplinar, em que a disciplina é um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os comportamentos divergentes, internalizando-a e ganhando aparência de naturalidade. Em instituições como a escola, por exemplo, se inserem mecanismos que controlam os estudantes, adestrando seu corpo e mente, e os mantêm na iminência da punição, tendo como elemento unificador a hierarquia. A escola deixou de ser lugar de suplício para se tornar local de criação de "corpos dóceis" (corpos produtivos).
Entretanto, o pensador francês via a educação enredada em seu contexto cultural. Por isso, o ensino que em uma época é considerado a salvação do ser humano, em outra pode ser visto como nocivo.
Quanto ao conhecimento, Foucault via na dinâmica entre diversas instituições e ideias uma teia complexa, em que não se pode falar do conhecimento como causa ou efeito de outros fenômenos. Para dar conta dessa complexidade, o pensador criou o conceito de poder-conhecimento.

PIERRE BOURDIEU
Pierre Bourdieu (1930 – 2002) é francês, graduou-se em filosofia e exerceu a carreira acadêmica em Paris como sociólogo (propôs a criação de uma "sociologia da sociologia").
Entre seus livros mais conhecidos estão A Reprodução (1970), escrito em parceria com Jean-Claude Passeron, que analisa o funcionamento do sistema escolar francês, A Distinção (1979), que trata dos julgamentos estéticos como distinção de classe, A Miséria do Mundo (1993), Sobre a Televisão (1996) e Contrafogos (1998), a respeito do discurso sobre neoliberalismo. Sobre isto, Bourdieu se posicionou fortemente contra a tendência política neoliberal e todas as outras que considerava aparentadas a ela, mesmo proveniente de governos de esquerda. Combativo, a exemplo do filósofo Jean Paul Sartre (1905-1980), tornou-se ideólogo e símbolo dos protestos contra a globalização econômica e cultural no final do séc. XX. Acusava, inclusive, os meios de comunicação de renderem-se à lógica do comércio, bem como produzirem lixo cultural em larga escala.
Bourdieu contrariou o senso de que a educação era vista como um meio de elevação cultural mais ou menos à parte das tensões sociais, passando a detectar mecanismos de conservação, reprodução e legitimação das desigualdades sociais. Para ele, a escola perdeu seu papel de instância “transformadora e democratizadora da sociedade” e passou a ser vista como uma instituição por meio da qual se mantêm e se legitimam os privilégios sociais.
Para ele, é na escola que a constituição do sujeito se diferencia segundo sua origem social e familiar, bem como as repercussões disso no plano das atitudes e comportamentos escolares. Para construir sua teoria ao longo do tempo, em função da investigação sociológica e das mudanças nos contextos social e intelectual, Bourdieu criou uma série de conceitos, dentre eles habitus, campo e capital (simbólico, econômico, cultural e social). Todos partem de uma tentativa de superação da dicotomia entre subjetivismo e objetivismo para evitar uma interpretação equivocada da realidade.
A noção de habitus se refere à incorporação de uma determinada estrutura social pelos indivíduos, influindo em seu modo de sentir, pensar e agir, de tal forma que se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de modo consciente. Essa ferramenta de poder é essencialmente arbitrária, mas isso não costuma ser percebido: o dominado a reconhece como legítima, justa e digna de ser utilizada. Assim, a dominação é exercida mais eficiente e sutil do que o uso da força propriamente dita.
Outro conceito é o de campo, para designar nichos da atividade humana nos quais se desenrolam lutas pela detenção do poder simbólico, que produz e confirma significados. Esses conflitos consagram valores que se tornam aceitáveis pelo senso comum, formando-se o habitus e o código de aceitação social.
Os indivíduos, por sua vez, se posicionam nos campos de acordo com o capital acumulado – que pode ser social, cultural, econômico e simbólico. O capital social, por exemplo, corresponde à rede de relações interpessoais que cada um constrói, com os benefícios ou malefícios que ela pode gerar na competição entre os grupos humanos. Já na educação, se acumula capital cultural, na forma de conhecimentos apreendidos, livros, diplomas etc. Sendo assim, a escola também é um espaço de transferência de capitais de uma geração para outra.
Com os instrumentos teóricos que criou, Bourdieu afastou de suas análises a ênfase central nos fatores econômicos – que caracteriza o marxismo – e introduziu, para se referir ao controle de um estrato social sobre outro, o conceito de violência simbólica, legitimadora da dominação e posta em prática por meio de estilos de vida.

EDGAR MORIN
Edgar Morin é considerado um dos maiores intelectuais da atualidade. De origem judaica, nasceu em Paris, no dia 8 de julho de 1921.  Marxista de formação, Morin foi combatente voluntário da Resistência Francesa e Militante ativo do Partido Comunista. Colocou-se sempre contra qualquer forma de ditadura, seja de esquerda ou de direita.
Mudanças profundas ocorreram em escala mundial nas últimas décadas do século XX, entre elas o avanço da tecnologia de informação, a globalização econômica e o fim da polarização ideológica entre capitalismo e comunismo nas relações internacionais. Diante desse cenário, o sociólogo francês Edgar Morin, percebeu que a maior urgência no campo das idéias não é rever doutrinas e métodos, mas elaborar uma nova concepção do próprio conhecimento. O sociólogo francês propõe o conceito de pensamento complexo em lugar da simplificação e da fragmentação do conhecimento. O pensamento complexo tem como princípio a dialógica, isto é, provocar discussão, debate, diálogo.
Na educação, o francês mantém a essência de sua teoria. Ele vê a sala de aula como um fenômeno complexo, que abriga uma diversidade de culturas, classes sociais e econômicas e, por isso, o lugar ideal para iniciar essa reforma da mentalidade que ele prega. Ouvir os alunos, naturalmente sintonizados com o presente, é a melhor maneira de o professor investir na própria formação, segundo Morin, os professores mais preparados para operar essa mudança são os educadores dos primeiros anos do ensino fundamental, por terem uma visão mais ampla do processo.
A escola, a exemplo da sociedade, se fragmentou em busca da especialização. Primeiro, dividiu os saberes em áreas e, dentro delas, priorizou alguns conteúdos. Para que as idéias de Morin sejam implementadas, é necessário reformular essa estrutura, pois é difícil romper uma linha de raciocínio cultivada por várias gerações. Um bom exemplo é pedir que os alunos usem um só caderno para todas as disciplinas. Isso acaba com a hierarquia que muitas vezes existe entre as matérias e mostra que nenhuma é mais importante que as outras, na verdade, todas estão interligadas.
Em sua defesa da religação dos saberes, Morin criou uma relação dos temas que não poderiam faltar para formar o cidadão do século XXI. Assim nasceu o texto Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. A lista começa com o estudo do próprio conhecimento. O segundo ponto é a pertinência dos conteúdos, para que levem a “aprender problemas globais e fundamentais”. Em seguida vem o estudo da condição humana, entendida como unidade da natureza complexa dos indivíduos. Ensinar a identidade terrena é o quarto ponto e refere-se a abordar as relações humanas de um ponto de vista. O tópico seguinte é enfrentar as incertezas com base nos aportes recentes das ciências. O aprendizado da compreensão, sexto item, pede uma reforma de mentalidades para superar males como o racismo. Finalmente, uma ética global, baseada na consciência do ser humano como indivíduo e parte da sociedade e da espécie.
Na opinião de Edgar Morin, cabe aos professores do Ensino Fundamental começar a derrubar as barreiras entre os conhecimentos, por duas razões principais: eles têm a experiência generalista e lidam com as crianças mais novas, que guardam uma curiosidade e um modo de pensar ainda não influenciados pela separação dos conteúdos em disciplinas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FERRARI, Márcio. Anton Makarenko, o professor do coletivo. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/educar-coletivo-423223.shtml>.

FERRARI, Márcio. Antonio Gramsci, um apóstolo da emancipação das massas. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/apostolo-emancipacao-massas-423092.shtml>.

FERRARI, Márcio. Edgar Morin, o arquiteto da complexidade. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/arquiteto-complexidade-423130.shtml>.

FERRARI, Márcio. Florestan Fernandes, um militante do ensino democrático. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/florestan-fernandes-428160.shtml>.

FERRARI, Márcio. Karl Marx, o filósofo da educação. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/karl-marx-filosofo-revolucao-428135.shtml>.

FERRARI, Márcio. Michel Foucault, um crítico a instituição escolar. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/critico-instituicao-escolar-423110.shtml>.

FERRARI, Márcio. Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml>.

FERRARI, Márcio. Pierre Boudieu, o investigador da desigualdade. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/pierre-bourdieu-428147.shtml>.

LOPES, Saulo. Paulo Freire: O caminho de um educador. Disponível em: <http://recantodasletras.com.br/discursos/1921855>.

MÉTODO Paulo Freire. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo _Paulo_Freire>.

NOGUEIRA, Maria Alice. NOGUEIRA, Cláudio Martins. Bourdieu e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. Resenha de: SONATA, Edvaldo Correa. Boudieu e a educação: algumas reflexões.

PAULO Freire. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Freire>.

VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. Resenha de: MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Resenha: O Pensamento de Foucault e suas contribuições para a educação.
            

Nenhum comentário:

Postar um comentário